sexta-feira, 8 de março de 2013

SIGMUND FREUD

SIGMUND FREUD

Neurologista austríaco, criador da psicanálise (nascido em Freiberg, hoje denominada Príbor, Morávia, em 1956, e morto em Londres, em 1939.



Entre Viena, Berlim e Paris

Sigmund Freud é descendente de uma família judia da pequena burguesia. Ele tem apenas 4 anos quando a família se instala em Viena e viverá na cidade até 1938, ano em que a Áustria é anexada à Alemanha. Depois de uma fase escolar brilhante, ele se volta para os estudos de medicina em 1873. Na universidade, se depara com um antissemitismo onipresente. Em 1876 começa a trabalhar no laboratório de E. von Brücke, onde desenvolve pesquisas em torno da fisiologia e da patologia do sistema nervoso. Termina os estudos de medicina em 1881, mas seus recursos não permitem que ele continue a carreira de pesquisador. Encarregado de um estudo sobre a cocaína, descobre em 1884, suas propriedades analgésicas. Uma bolsa lhe proporciona uma oportunidade de ir à Paris, em 1885, fazer um estágio com Jean-Martin Charcot, na Salpêtrière. Lá observava as manifestações de histeria e os efeitos do hipnotismo. Em 1886 Freud troca Paris por Berlim, onde se interessa pela neuropatologia infantil.

Quando volta a Viena, abre o próprio consultório. No mesmo ano casa-se com Martha Bernays, de quem era noive desde 1982. Freud começa a formar uma clientela entre os pacientes com "problemas nervosos", em sua maioria acometidos de histeria, que ele trata, como fazia à época, como eletroterapia e hipnose.

O nascimento do inconsciente e da psicanálise

Após uma paciente tê-lo levado a adotar o método das associações livres, Freud renuncia à hipnose, substituindo-a pelo estado de simples relaxamento do paciente. De 1892 a 1895, publica algumas traduções de Charcot (Lições de terça feira), um artigo intitulado "As neuropsicoses de defesa" e outro com o título de "Obsessões e fobias". Em colaboração com Breuer, publica os Estudos sobre a histeria (1895), obra mal recebida no meio médico.

Nessa obra já é possível encontrar os princípios fundamentais da psicanálise: as noções de inconsciente, de deslocamento e de recalque.

A correspondência que Freud estabelece com Wilhelm Fliess desempenha um papel essencial para o processo de autoanálise que ele está empreendendo nessa época. Durante dez anos ele não terá discípulos nem colaboradores, concentrando sua atividade no tratamento de doentes e na criação da psicanálise. Freud descobre o complexo de Édipo em outubro de 1897. Em 1899 publica Lembranças encobridoras e em 1900, A interpretação dos sonhos, uma de suas obras fundamentais para a psicologia. Pela primeira vez o sonho é objeto de um estudo científico. Ainda em 1900 inicia a análise de uma jovem histérica, a quem ele chama de Dora em seus escritos. Em 1901 publica Sobre os sonhos e escreve Fragmentos da análise de um caso de histeria (O caso Dora); publicado em 1905, que analisa a função traumática da sexualidade na histeria e o papel da homossexualidade. Freud faz uma viagem a Roma e publica Psicopatologia da vida cotidiana. Em 1905 são editados seus Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, que é a sua segunda obra principal, assim como Os chistes e sua relação com o inconsciente.

A instituição analítica

Nessa época psicanalítica se torna a teoria do funcionamento do aparelho psíquico. Em 1908 é fundada a Sociedade Psicanalítica de Viena, mas desde antes dessa data vai sendo progressivamente constituída em torno de Freud a instituição analítica. A partir de 1902 a "Sociedade Psicológica das Quartas-Feiras" começa a agrupar seus primeiros discípulos. Paul Federn, Otto Rank, Wilhelm Stekel, Alfred Adler, entre outros. Freud se corresponde com Eugen Bleuler a partir de 1904 e recebe em 1907 a visita do assistente dele Carl Jung, que funda em Zuriqui, no mesmo ano, a Sociedade Freud. Em 1910, em Nuremberg, acontece o segundo congresso de psicanálise, data em que é fundada a Associação Psicanalítica internacional, cuja presidência é confiada a Jung. no entanto, ocorrem rupturas e separações entre Freud e seus discípulos e mais próximos.

Em 1912 Freud começa a discutir a questão do pai, à qual irá retornar em Moisés e o monoteísmo, em 1939. Ele produz inúmeros textos, de importância decisiva: Leonardo da Vinci e uma lembrança de sua infância (1910), Notas psicanalíticas sobre um relato autobiográfico de um caso de paranoia (o presidente Schreber) (1911), Totem e tabu (1912-13), em que busca retraçar a história das origens da humanidade, Sobre o narcisismo (1917): uma introdução (1914), Luto e melancolia (1917), Introdução à psicanálisse (1916-17) e O estranho (1919).

Pulsões de vida, pulsões de morte.

Em Além do princípio de prazer (1920), Freud introduz as noções de pulsão de vida (Éros) e pulsão de morte (Thanatos), princípio de realidade e princípio de prazer, e propõe um novo modelo do aparelho psíquico, composto de três instâncias: o id, o ego e o superego (O ego e o id, 1923). A teoria do ego e da identificação será um dos temas essenciais de Psicologia das massas e análise do ego (1921). Em A negação (1925), ele sublinha a importância da linguagem e da palavra para o tratamento analítico.

A partir desse período, Freud passa a se dedicar mais aos grandes problemas da civilização (O futuro de uma ilusão, 1927; O mal-estar na civilização, 1930). Nesta última obra, desenvolve sua concepção de mundo, destacando a submissão da civilização às necessidades econômicas, que impõem um pesado fardo não somente à sexualidade, mas também à agressividade, em troca de um pouco de segurança.

Em 1923 Freud é submetido a uma primeira cirurgia para tratar de um câncer na mandíbula. Recebe o prêmio Goethe em 1930, em 1934 os nazistas queimam suas obras em Berlim. Ele consegue sair de Viena em 1938 e se instala em Londres. Moisés e o Monoteísmo é publicado em 1939. Freud continuará tratando seus pacientes praticamente até sua morte em 23 de setembro de 1939.








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A psicologia em 50 verbetes - Tradução Debora Fleck - São Paulo - Ed. La Fonte - 2012.











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