Conjunto de pensamentos, fantasias e emoções que focalizam o psicanalista no tratamento e constituem uma reatualização de movimentos psíquicos antigos que se relacionam à história infantil do indivíduo.
O fenômeno da transferência existe em toda relação entre indivíduos, que, no entanto, não sabem que repetem nessa ocasião emoções e roteiros estabelecidos durante a infância e recalcados.
Freud reconheceu na transferência ao mesmo tempo o motor do tratamento analítico e o maior obstáculo para o seu desenrolar. No tratamento analítico, a transferência remete a suas origens, por força da repetição das posições libidinais do paciente. Freud situa a transferência como uma dinâmica que permite, por meio de sua análise, ajudar o paciente a integrar à história de sua vida as representações e os elementos que surgem em relação ao analista e a avaliá-los em seu real valor, ou seja, como episódios passados.
A própria transferência pode se opor a esse trabalho por duas razões. A primeira é sua ambivalência. Como toda posição afetiva, ela associa amor e ódio e pode ser fundamentalmente negativa. A segunda razão é sua origem libidinal. Ela pode ser marcada por uma forte carga erótica que provoca uma intensa resistência ou um amor de transferência pouco acessível à interpretação.
A transferência, como todos os fenômenos de retorno do recalcado, faz parte de um processo de repetição baseado na natureza da pulsão e sua necessidade de descarga. A repetição se opõe à rememoração buscada pelo tratamento. Esta é a razão pela qual a transferência é, para Freud, a princípio, análise de resistência.
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